O Campeonato Brasileiro acabou no último domingo, mas pode ganhar mais capítulos fora de campo em breve. Isso porque o departamento jurídico do Goiás, um dos quatro clubes rebaixados este ano, está estudando um recurso para tentar evitar a queda à Série B. O Esmeraldino se ampara no fair play financeiro da MP do Futebol. A Lei de número 13.155, de 4 de agosto de 2015, fala que "a entidade de prática desportiva que não cumprir todos os requisitos estabelecidos no inciso II do § 1º deste artigo (regularidade fiscal, regularidade de FGTS e pagamentos em dia de salários e direitos de imagens) participará da divisão imediatamente inferior à que se encontra classificada". Porém, o mesmo texto defende que vagas de eventuais rebaixados sejam ocupadas por equipes da Série B, obedecendo a tabela final de classificação - o Náutico, no caso, seria o primeiro beneficiado, por ter ficado em quinto na Segundona.
Precisamos ver se o país é sério realmente e se todos estão cumprindo"
Sergio Rassi, presidente do Goiás
Como terminou na 19º colocação, o Goiás precisaria agir para que pelo menos três clubes fossem punidos pelo fair play financeiro da MP do Futebol para chegar ao 16º lugar na tabela e escapar do rebaixamento. E a tarefa é muito complexa, porque a própria MP prega que, no caso de descumprimento do fair play financeiro, o lugar vago seja ocupado por uma equipe da competição para a qual o clube punido foi rebaixado. Ou seja, uma equipe da Série B herdaria eventuais vagas. Diz o texto:"A vaga desocupada pela entidade de prática desportiva rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo será ocupada por entidade de prática desportiva participante da divisão que receberá a entidade rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo, obedecida a ordem de classificação do campeonato do ano anterior e desde que cumprido o requisito exigido no inciso II do § 1º deste artigo".
Rassi não cita quais equipes poderiam ser alvo na ação, mas diz que o Esmeraldino vem monitorando tal situação há algumas semanas.
- Como manda o manual, passamos pelo corporativo da Federação Goiana de Futebol (FGF) e enviamos por eles um ofício alertando a CBF sobre a necessidade de se fazer cumprir a lei que foi assinada no dia 4 de agosto em Brasília. A impressão que tenho é que deve haver muito mais do que três clubes em situação irregular - avalia o dirigente goiano.
O STJD se sente parte distante do processo. Paulo Schmitt, procurador do órgão, deixa o problema com a nova lei.
Resistência dentro do Goiás, e Vasco de olho
Embora tenha sido orientado por pessoas ligadas à CBF a não buscar esse caminho, sob pena de gerar desgaste perante outros clubes e ser acusado de estar tentando "virar a mesa", o Goiás se mostra decidido e alega ter o incentivo do Vasco, também rebaixado no último domingo, para ir em frente. Em entrevista à Rádio Tupi, o presidente cruz-maltino, Eurico Miranda, manifestou o apoio.